6 de março de 2006

Depois não digam que eu não faço piadas curtas!

Há dias estava a atravessar a Ponte Vasco da Gama e vi um carro a passar por mim a 260 km/h. Pensei eu: “olha mais um gajo do tuning”. Peço desculpa pela enorme falha minha. Não queria ferir as susceptibilidades dos praticantes de tuning. O que eu queria dizer é que quem passou por mim a 260 km/k não era um gajo do tuning mas sim um gajo de street racing o que é completamente diferente. Confusão a minha, pá! Os praticantes de Tuning cultivam meramente o lado estético dos automóveis e os outros é que são uns loucos com falta de sensibilidade. Mais uma vez peço desculpa. Um praticante de tuning nunca anda a 260 km/h porque cultiva meramente o lado estético dos automóveis. Já tinha dito isto? Tenho essa impressão. É estranho é que eu nunca vi nenhum carro modificado em termos visuais sem que igualmente esteja apetrechado de um potente motor capaz de dar por exemplo 260 km/h. No fundo a diferença do tuning para o street racing é que a primeira intenção dos primeiros, quando vão a uma garagem dessas, é meramente o culto da estética e o resto, a parte do motor é oferta da casa devido a tanta sensibilidade ou então não é e continua a ser a vontade de alterar todo o visual estético do carro nomeadamente transformá-lo num ovo estrelado. Aceito sem que me custe nada que do ponto de vista filosófico continua a ser uma opção estética. E mais, é a vontade de alterar a estética do próprio carro, de outros carros e de todo um espaço à sua volta o que implica uma atitude cívica o que é de louvar. Um Street Racer é muito diferente. Chega lá à garagem e pede logo para mudar o motor do carro para andar a 260 km/h e depois percebe que é giro mudar o visual do carro porque dá mais estilo e dá nas vistas.
Fim de semana na Vasco da Gama, com gajos de tuning 20 mortos com gajos do street racing 20 mortos. Mas se analisarmos os estragos de um acidente com malta do tuning há ali algo de arte, engenho, a geometria, os corpos delicerados em formas triangulares, um acidente tuning desenhou numa parede vários buracos em série que olhando de trás como se fosse um quadro impressionista, se formou algo como um rosto humano, uma cara humilde de um transeunte de vida pacata, uma expressão genuína, mas isto tudo em pontinhos. É absolutamente inegável a influência de Paula Rego nos acidentes da malta do Tuning. Está lá tudo. É lindo meus amigos. Vi um acidente de tuning cujos dentes das pessoas mortas formavam a palavra Amor. Noutro acidente, o sangue das vítimas formava isto: Almeida Garret estás aqui (coração)! Coisas lindas. Um acidente com malta de street racing é uma grotesca maneira de destruição sem vestígios daqueles elementos que fazem do ser humano algo de tão belo e ímpar. Apenas a anarquia que mistura aço, órgãos humanos, sangue, sem sentido nenhum, sem beleza, sem ordem, um monte de lixo feio de se ver e que não prestigia a nossa civilização.

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